quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Crazy People – A comedy about truth in advertising

Como a própria chamada do filme já diz “Crazy People” - EUA, 1990 – e uma comédia sobre o mundo da propaganda. Apesar do exagero na situação apresentada, característica que confere humor ao roteiro, é possível identificar traços de semelhança que fazem com que o filme de certo modo retrate a vida de um publicitário.

Para a construção do roteiro foram utilizados clichês, e a ambientação da maior parte do filme é feita com base no que talvez seja o maior de todos os clichês do mundo da publicidade, o de que “Todo publicitário é louco”, daí a não ocasional internação do protagonista em um manicômio, local onde se passa o desenrolar do enredo.


Mas, mais do que uma comédia o filme leva a uma reflexão. Afinal, todo filme carrega dentro de seu roteiro a famosa “lição de moral”, e “Crazy People” não é diferente. A verdade é que a comédia mascara a seriedade de assuntos como ética na publicidade, o jogo de ambição e poder, o ego, e ainda, o conteúdo das mensagens que nós publicitários expomos o público. Talvez esse último item levantado seja o mais relevante, pois vai direto ao ponto com relação à profissão do publicitário, será que nos realmente sabemos o que as pessoas querem? Mentimos ou omitimos para o nosso público? Não seria mais eficaz e correto dizer a verdade sobre o que é anunciado?


A verdade é que talvez um surto de honestidade na publicidade realmente possa ser positivo para o produto, afinal, teoricamente ele vai gerar e cumprir as expectativas levando o consumidor à satisfação. Por outro lado, será que o público está realmente preparado para ouvir tantas verdades. O ditado diz “Mais vale uma amarga verdade do que uma doce mentira”, mas muitas pessoas preferem o contrário. Um anúncio que diz coisas do tipo “Você é gordo e desleixado, saía do sofá e emagreça” pode ser o sonho de criação de um publicitário, mas não podemos esquecer um outro ditado “Quem fala o que quer, ouve o que não quer”. Assim tanta honestidade pode levar a uma resposta contrária, causando a antipatia das pessoas pelo produto ou marca.


A publicidade parece ser a profissão dos sonhos para muitos roteiristas de Hollywood, em diversos filmes como “Doce Novembro”, “O que as mulheres querem”, “Como perder um homem em 10 dias”, e sem esquecer o brasileiro “Se eu fosse você”, entre tantos outros são alguns títulos em que os protagonistas são publicitários que vivem em um mundo de glamour. Estendendo a análise a outros títulos, a verdade que os filmes retratam o que talvez seja a realidade de uma grande agência com grandes clientes, o que afasta os roteiros da realidade da profissão no Brasil, onde sabemos que maior parte das grandes agências se concentra no mercado paulista. Outra visão equivocada é a de que o publicitário vive de ter boas idéias, isso não é verdade, vive de trabalhar para conseguir ter uma boa idéia, raros são os grandes clientes e não ter hora para sair da agência é quase uma rotina. E ainda dizem que é só ter uma idéia “bacaninha”?

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente!
Análise com prufundidade em sem exagero.
Obrigado pela luz!